manuel rosário - gastro
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Azia e Refluxo Gastro-Esofágico

A Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) é uma forma mais grave de Refluxo Gastro-Esofágico um problema comum. O refluxo gastro-esofágico ocorre quando o esfíncter inferior do esófago se abre espontaneamente ou não fecha corretamente, durante períodos de tempo variáveis, e o conteúdo do estômago sobe para o esófago. O refluxo é geralmente ácido, uma vez que os sucos digestivos ácidos se juntam aos alimentos regurgitados. O esófago é o canal que leva os alimentos da boca para o estômago. O esfíncter é um anel muscular na parte inferior do esófago, que funciona como uma válvula entre este e o estômago.
Quando ocorre o refluxo ácido, sente-se o sabor dos alimentos ou do fluido na parte posterior da boca. Quando o ácido gástrico refluído toca o revestimento do esófago, pode provocar uma sensação de ardor no peito ou na garganta a que se chama azia. O refluxo ocasional é comum e não significa necessariamente que se sofra de DRGE. O refluxo persistente que ocorre mais de duas vezes por semana é considerado DRGE e pode acabar por provocar problemas de saúde mais graves. É possível sofrer de DRGE em qualquer idade.

  • Quais são os sintomas do Refluxo Rastro-Esofágico?
    O principal sintoma de DRGE em adultos é a azia frequente, um ardor no peito, atrás do esterno, e no abdómen. É possível ter refluxo sem azia nesse caso os sintomas são tosse seca, sintomas de asma ou dificuldades de deglutição.
  • O que provoca o Refluxo Gastro-Esofágico?
    Não se conhece ainda exatamente a razão pela qual algumas pessoas desenvolvem refluxo. No entanto, os estudos mostram que, em pessoas com refluxo e um funcionamento deficiente do esfincter o resto do esófago continua a funcionar. Alterações anatómicas como uma hérnia de hiato podem também contribuir para a ocorrência do refluxo. Este tipo de hérnia surge quando a parte superior do estômago e o esfíncter esofágico se movem para cima do diafragma.
    Normalmente, o diafragma ajuda o esfíncter esofágico a impedir o ácido de subir para o esófago. Quando existe uma hérnia de hiato, o refluxo ácido pode ocorrer mais facilmente. A hérnia de hiato pode ocorrer em pessoas de qualquer idade e é muito frequente em pessoas sem outros problemas de saúde, com mais de 50 anos. A maior parte das vezes, a hérnia de hiato não apresenta sintomas.
    Outros fatores que podem contribuir para a DRGE:
    • obesidade
    • gravidez
    • tabaco

    Alimentos comuns que podem agravar os sintomas de refluxo:
    • citrinos
    • chocolate
    • bebidas com cafeína ou álcool
    • alimentos gordos e fritos
    • alho e cebola
    • aromas de hortelã
    • alimentos picantes
    • alimentos à base de tomate (molhos, pizza, etc.)
  • Como se trata o Refluxo Gastro-Esofágico?
    As pessoas que apresentam sintomas de refluxo e utilizaram antiácidos ou outros medicamentos para combater o refluxo durante mais de 2 semanas, devem consultar o seu médico. Este poderá encaminhá-las para um médico gastroenterologista, um especialista em doenças do estômago e dos intestinos. Consoante a gravidade da doença, o tratamento pode envolver um ou mais dos seguintes procedimentos: alterações de estilo de vida, medicação ou cirurgia.
  • Alterações de estilo de vida
    • Deixar de fumar, se for caso disso.
    • Evitar alimentos e bebidas que agravam os sintomas.
    • Perder peso, se for caso disso.
    • Fazer refeições pequenas e frequentes.
    • Não usar roupas demasiado justas.
    • Evitar ir para a cama nas 3 horas seguintes a uma refeição.
    • Levantar a cabeceira da cama 15-20 centímetros, através da elevação dos respetivos pés – não basta utilizar apenas almofadas adicionais.
  • Medicação
    O médico pode recomendar antiácidos ou medicamentos que interrompem a produção de ácido ou que ajudam os músculos que esvaziam o estômago. Embora alguns destes medicamentos não necessitem de receita médica, só devem ser tomados por indicação do médico.
  • E se os sintomas persistirem?
    Se os sintomas não melhorarem com as alterações de estilo de vida ou os medicamentos indicados, poderá ser necessário realizar exames adicionais.
    • Radiografia do esófago com bário – Os raios x permitem detetar malformações pontuais, como uma hérnia de hiato e outros problemas estruturais ou anatómicos do esófago. Neste exame, o paciente tem de ingerir uma solução de bário e, em seguida, fazer o exame. Este não deteta irritações ligeiras, mas permite observar estenoses (estreitamentos do esófago) e úlceras.
    • Endoscopia digestiva alta
    • PH-metria esofágica – o médico insere um pequeno tubo ou um pequeno dispositivo no esófago, que aí permanece durante 24-48 horas. Enquanto o paciente prossegue as suas atividades normais, o dispositivo regista a quantidade de ácido que sobe para o esófago e o momento em que isso acontece. Este exame pode ser útil se combinado com um registo diário cuidadoso daquilo que o paciente ingere ao longo desse período (quando, o quê e em que quantidade), permitindo ao médico estabelecer correlações entre sintomas e episódios de refluxo. O procedimento pode ser também útil para detetar se certos sintomas respiratórios (tosse, pieira) são provocados pelo refluxo.

    Não existe nenhum exame que permita fazer um diagnóstico exato do refluxo gastro-esofágico e os estudos não revelam de forma consistente a existência de uma correlação direta entre a presença de ácido na parte inferior do esófago e a deterioração do respetivo revestimento.

    Cirurgia
    A cirurgia é uma opção quando nem as alterações de estilo de vida nem a medicação conseguem controlar os sintomas de DRGE.
    A fundoplicatura é o tratamento cirúrgico habitual para a DRGE. Utiliza-se, normalmente, um tipo específico deste processo, a chamada fundoplicatura de Nissen. Durante este procedimento, a parte superior do estômago é enrolada em torno do EIE para reforçar o esfíncter, prevenir o refluxo ácido e reparar uma hérnia de hiato. A fundoplicatura de Nissen pode ser realizada utilizando um laparoscópio, um instrumento que é inserido através de incisões mínimas no abdómen.
  • Quais são as consequências, a longo prazo, do Refluxo Gastro-E sofágico?
    A DRGE crónica que não é tratada pode provocar complicações graves. A inflamação do esófago causada pelo refluxo de ácido gástrico pode danificar o seu revestimento e provocar sangramento ou úlceras – também designada por esofagite. As cicatrizes decorrentes das agressões aos tecidos podem provocar estenose – estreitamento do esófago – dificultando a deglutição. Algumas pessoas desenvolvem o chamado esófago de Barrett, em que as células do revestimento do esófago adquirem uma coloração e morfologia anómalas. Com o tempo, essas células podem tornar-se cancerígenas e o carcinoma do esófago é frequentemente fatal. As pessoas que sofrem de DRGE devem ter acompanhamento médico.
    Os estudos demonstram que a DRGE pode agravar ou contribuir para doenças como a asma, a tosse crónica e a fibrose pulmonar.

A reter:

  • A azia frequente, também chamada de indigestão ácida, é o sintoma mais comum da DRGE em adultos. Uma pessoa que tenha azia duas ou mais vezes por semana poderá sofrer de DRGE.
  • É contudo possível ter DRGE sem sofrer de azia. Os sintomas podem incluir tosse seca, sintomas de asma ou dificuldades de deglutição.
  • As pessoas que utilizam antiácidos durante mais de 2 semanas, devem consultar o seu médico. A maior parte dos médicos pode tratar a DRGE ou encaminhar o paciente para um médico gastroenterologista, um especialista em doenças do estômago e dos intestinos.
  • Os médicos recomendam, normalmente, alterações de estilo de vida e de dieta para aliviar os sintomas de DRGE. Muitas pessoas que sofrem de DRGE precisam também de medicação. A cirurgia poderá ser considerada como opção de tratamento.
  • A maior parte dos bebés com RGE mostram-se perfeitamente saudáveis, embora possam cuspir ou vomitar com frequência, e ultrapassam geralmente este problema por altura do primeiro aniversário. O refluxo que continua após o primeiro ano de idade pode ser DRGE.


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