manuel rosário - gastro
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Síndrome do Vómito Cíclico

O Síndrome do Vómito Cíclico é caracterizado por episódios ou ciclos de náuseas e vómitos intensos que podem durar horas, ou até mesmo dias, alternando com intervalos assintomáticos. Embora tenha sido originalmente considerada uma doença pediátrica, o Síndrome do Vómito Cíclico pode ocorrer em todas as faixas etárias. Estudos médicos apontam para uma correlação entre o Síndrome do Vómito Cíclico e a enxaqueca.
Os episódios o Síndrome do Vómito Cíclico são semelhantes entre si, ou seja, começam normalmente à mesma hora do dia, duram o mesmo período de tempo e apresentam os mesmos sintomas e níveis de intensidade. Embora o Síndrome do Vómito Cíclico se possa desencadear em qualquer idade, nas crianças tem mais frequentemente início entre os 3 e os 7 anos.
Os episódios podem ser tão intensos que a pessoa afetada tem de ficar de cama durante dias, incapaz de se deslocar para a escola ou o trabalho. Desconhece-se o número exato de pessoas afetadas pelo Síndrome do Vómito Cíclico, mas estima-se que seja superior ao que normalmente se julga. Dado que outras doenças e distúrbios mais comuns também provocam ciclos de vómitos, muitas pessoas com o Síndrome do Vómito Cíclico são inicialmente mal diagnosticadas, até ser eliminada a possibilidade de ocorrência dessas outras enfermidades. O Síndrome do Vómito Cíclico pode ser nefasta e até perturbadora não só para as pessoas diretamente afetadas, mas também para as respetivas famílias.

  • As quatro fases do Síndrome do Vómito Cíclico
    O Síndrome do Vómito Cíclico apresenta quatro fases:

    • Fase assintomática - período entre episódios, em que não há quaisquer sintomas.
    • Fase de pródromo - surgem indícios de que um episódio de náuseas e vómitos está prestes a começar. Esta fase, frequentemente caracterizada por náuseas com ou sem dores abdominais, pode durar de alguns minutos a várias horas. Por vezes, tomar a medicamentação indicada logo no início da fase pode impedir que o episódio se desencadeie. No entanto, pode acontecer também não existir qualquer indício: o indivíduo simplesmente acorda de manhã e começa a vomitar.
    • Fase de vómitos - consiste num período de náuseas e vómitos, com incapacidade para comer, beber ou tomar medicamentos sem vomitar, e caracterizado por palidez, sonolência e fadiga extrema.
    • Fase de recuperação - tem início quando as náuseas e os vómitos param; o indivíduo recupera a cor, o apetite e a energia.
  • O que desencadeia o Síndrome do Vómito Cíclico?
    Muitas pessoas conseguem identificar uma determinada situação ou acontecimento que está na origem dos episódios de vómitos, como, por exemplo, uma infeção. Causas comuns nas crianças incluem situações de stresse emocional e excitação. Os ataques de ansiedade e de pânico são causas mais comuns em adultos. Constipações, alergias, problemas de sinusite e gripe podem também desencadear episódios em certas pessoas.
    Outras causas incluem a ingestão de certos alimentos, como o chocolate ou o queijo, ou a ingestão de alimentos em excesso ou imediatamente antes de dormir. O tempo quente, a exaustão física, a menstruação e o enjoo provocado pelo movimento podem também desencadear episódios de Síndrome do Vómito Cíclico.

    Quais são os sintomas do Síndrome do Vómito Cíclico?
    Uma pessoa que tenha os seguintes sintomas durante pelo menos três meses, com início pelo menos seis meses antes, poderá sofrer do Síndrome do Vómito Cíclico:

    • episódios de vómitos que começam de forma muito intensa (várias vezes por hora) e duram menos de uma semana;
    • três ou mais episódios distintos de vómitos durante o ano anterior;
    • ausência de náuseas ou vómitos entre os episódios.

    Uma pessoa afetada pelo Síndrome do Vómito Cíclico pode ter dores abdominais, diarreia, febre, tonturas e sensibilidade à luz durante os episódios de vómitos. O vómito continuado pode provocar uma desidratação grave que poderá colocar a vida em risco. Os sintomas de desidratação incluem sede, diminuição da quantidade de urina produzida, palidez, fadiga extrema e apatia. Uma pessoa com sintomas de desidratação deve procurar de imediato assistência médica.
  • Como se diagnostica o Síndrome do Vómito Cíclico
    O Síndrome do Vómito Cíclico é difícil de diagnosticar porque não existe nenhum exame clínico concludente, como, por exemplo, uma análise de sangue ou uma radiografia. O médico tem de analisar os sintomas e o historial do doente, de modo a eliminar a possibilidade de outras doenças ou distúrbios comuns que podem provocar náuseas e vómitos. O diagnóstico demora tempo, porque é também necessário identificar um padrão ou um ciclo para os vómitos.
  • O Síndrome do Vómito Cíclico e enxaqueca
    A relação entre o Síndrome do Vómito Cíclico e a enxaqueca é ainda pouco clara, mas os estudos médicos já realizados apontam para a existência de uma correlação.
    A enxaqueca mais comum, que provoca dores de cabeça intensas, a enxaqueca abdominal, que provoca dores de estômago, e o Síndrome do Vómito Cíclico apresentam todas sintomas de grande intensidade que começam e acabam rapidamente e são seguidos por intervalos sem dor ou outros sintomas.
    Muitas das situações que estão na origem do Síndrome do Vómito Cíclico, incluindo o stress e a excitação, podem também provocar enxaquecas.
    Os estudos revelam que muitas das crianças afetadas pelo Síndrome do Vómito Cíclico têm um historial familiar de enxaqueca ou desenvolvem enxaquecas à medida que vão crescendo.
    Devido às semelhanças entre o Síndrome do Vómito Cíclico e a enxaqueca, os médicos tratam algumas pessoas com sintomas graves do Síndrome do Vómito Cíclico com medicamentos que são também utilizados no tratamento da enxaqueca. Estes medicamentos são concebidos para prevenir os episódios, reduzir a sua frequência e atenuar a sua intensidade.
  • Qual é o tratamento do Síndrome do Vómito Cíclico?
    O tratamento varia, mas, de um modo geral, as pessoas afetadas pelo Síndrome do Vómito Cíclico melhoram quando aprendem a controlar os sintomas. São normalmente aconselhadas a descansar e a dormir o suficiente, assim como a tomar a medicamentação que previne o início de um episódio de vómitos, interrompe o seu desenvolvimento, acelera a recuperação ou alivia os sintomas associados.
    Depois do início de um episódio de vómitos, é normalmente necessário que a pessoa fique de cama e repouse num quarto escuro e silencioso. As náuseas e os vómitos intensos podem implicar hospitalização e a administração de fluidos intravenosos para prevenir a desidratação. Se as náuseas persistirem, poderão ser administrados sedativos.
    Por vezes, durante a fase de pródromo, é possível impedir a ocorrência de um episódio. Por exemplo, as pessoas que apresentam sintomas de náuseas ou dores abdominais antes de um episódio deverão consultar o seu médico sobre a possibilidade de tomarem medicamentos para controlar os sintomas.
    Durante a fase de recuperação, é importante beber água e repor os eletrólitos perdidos. Os eletrólitos são sais de que o corpo necessita para funcionar normalmente e se manter saudável. Durante a fase de recuperação, os sintomas podem variar. Algumas pessoas consideram que o seu apetite volta imediatamente ao normal, enquanto outras precisam de começar por ingerir apenas líquidos, passando depois lentamente para os alimentos sólidos.
    As pessoas cujos episódios são frequentes e de longa duração poderão ser medicadas durante os intervalos livres de sintomas, para procurar prevenir ou aliviar episódios futuros. Os medicamentos para a enxaqueca são por vezes utilizados nesta fase, embora não funcionem de igual modo para todos. Poderá ser necessário tomar o medicamento diariamente durante um a dois meses para atestar a sua eficácia.
    A fase assintomática será uma boa ocasião para resolver situações que se perceba estarem associadas ao desencadear de um episódio. Por exemplo, se os episódios são provocados por situações de stress ou excitação, esta é a altura ideal para encontrar formas de reduzir as causas de stress e promover a tranquilidade. Se na origem dos episódios estão problemas de sinusite ou alergias, estes devem ser tratados.
    Durante a ocorrência de um episódio, podem ser receitados os novos medicamentos contra a enxaqueca.
  • Quais são as complicações associadas ao Síndrome do Vómito Cíclico?
    Os vómitos intensos que caracterizam o Síndrome do Vómito Cíclico constituem um fator de risco para diversas complicações:

    • Desidratação – Os vómitos provocam uma rápida perda da água existente no corpo. A desidratação pode ser grave e deve ser tratada imediatamente.
    • Desequilíbrio eletrolítico – Os vómitos provocam uma perda de sais importantes de que o corpo necessita para funcionar normalmente.
    • Esofagite péptica – O esófago (o canal que liga a boca ao estômago) é afetado pelos ácidos provenientes do estômago que passam através dele durante o vómito.
    • Vómitos de sangue – A agressão ao esófago provoca sangramento, com o sangue a misturar-se com o vómito.
    • Síndrome de Mallory-Weiss – O vómito ou o esforço feito ao vomitar pode rasgar a extremidade inferior do esófago.
    • Cárie dentária – A acidez do vómito pode afetar os dentes por corrosão do esmalte.

A reter:

  • As pessoas com o Síndrome do Vómito Cíclico sofrem de períodos de náuseas e vómitos intensos.
  • O Síndrome do Vómito Cíclico ocorre em todas as faixas etárias.
  • Os estudos médicos apontam para uma correlação entre o Síndrome do Vómito Cíclico e a enxaqueca.
  • O Síndrome do Vómito Cíclico apresenta quatro fases: fase assintomática, fase de pródromo, fase de vómitos e fase de recuperação.
  • Muitas pessoas conseguem identificar uma situação ou um acontecimento que desencadeia o episódio de náuseas e vómitos. As infeções e o stress emocional são duas causas comuns.
  • Os principais sintomas do Síndrome do Vómito Cíclico são episódios intermitentes de náuseas e vómitos. Os vómitos podem conduzir a uma desidratação grave que pode colocar a vida em risco.
  • Os sintomas de desidratação incluem sede, diminuição da quantidade de urina produzida, palidez, fadiga extrema e apatia. Uma pessoa com sintomas de desidratação deve procurar assistência médica imediatamente.
  • O diagnóstico d o Síndrome do Vómito Cíclico é exclusivamente feito através da análise dos sintomas e do historial médico, de modo a eliminar outras possíveis causas de náuseas e vómitos. É ainda necessário identificar um padrão ou ciclo para os sintomas.
  • O tratamento varia de acordo com o indivíduo em causa, mas de uma maneira geral as pessoas que sofrem d o Síndrome do Vómito Cíclico melhoram quando aprendem a controlar os seus sintomas. Poderá também ser administrada medicação para prevenir a ocorrência de episódios de vómitos, interromper o desenvolvimento de um episódio, acelerar a recuperação ou aliviar os sintomas.
  • As complicações do Síndrome do Vómito Cíclico incluem a desidratação, que pode ser grave, o desequilíbrio eletrolítico, a esofagite péptica, vómitos de sangue, o síndrome de Mallory-Weiss e a cárie dentária.


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