manuel rosário - gastro
manuel rosário - gastro

TEMAS

Colite Ulcerosa

A colite ulcerosa é uma doença crónica, ou seja, uma doença de longa duração que provoca inflamação e feridas, ou úlceras, no revestimento interior do intestino grosso (o qual inclui o cólon e o reto, a parte final do cólon).
A colite é uma das duas principais formas da doença inflamatória crónica do trato gastrointestinal, designada por Doença Inflamatória do Intestino. A outra forma é conhecida por doença de Crohn.
Normalmente, o intestino grosso absorve a água existente nas fezes, alterando-as do estado líquido para o sólido. Na colite, a inflamação leva à perda do revestimento do cólon, provocando hemorragia, produção de pus, diarreia e desconforto abdominal.

  • O que provoca a Colite Ulcerosa?
    A causa da colite é desconhecida, embora existam diversas teorias. As pessoas com colite apresentam deficiências no sistema imunitária, mas não é claro se estes problemas são uma causa ou um resultado da doença. O sistema imunitário protege as pessoas contra as infeções, através da identificação e destruição de bactérias, vírus e outras substâncias estranhas potencialmente prejudiciais. Julga-se que na colite o sistema imunitário reage anormalmente a bactérias existentes no trato digestivo. A doença parece ter uma componente hereditária e os estudos têm mostrado que certas deficiências genéticas são mais frequentes em pessoas que sofrem da doença.
    A colite não é provocada por stress emocional, mas a tensão que a doença provoca pode contribuir para o agravamento dos sintomas. Além disso, embora a sensibilidade a certos alimentos não provoque colite, em algumas pessoas poderá desencadear sintomas.
  • Quais são os sintomas da Colite Ulcerosa?
    Os sintomas mais comuns de colite são desconforto abdominal e diarreia com sangue ou pus. Outros sintomas incluem:
    • anemia
    • fadiga
    • febre
    • perda de peso
    • perda de apetite
    • sangramento retal
    • perda de fluidos corporais e nutrientes
    • lesões da pele
    • fraco crescimento em crianças

    A maior parte das pessoas diagnosticadas com colite tem sintomas leves a moderados. Cerca de 10 por cento têm sintomas graves, tais como febres frequentes, diarreia com sangue, náuseas e cólicas abdominais intensas. A colite pode também provocar problemas como dores nas articulações, irritação ocular, cálculos renais, doenças de fígado e osteoporose. Os cientistas não sabem explicar por que razão ocorrem estes problemas, mas julgam que podem ser o resultado de uma inflamação provocada pelo sistema imunitário. Alguns destes problemas desaparecem quando a colite é tratada.
  • Quem desenvolve Colite Ulcerosa?
    Embora a colite possa ocorrer em pessoas de qualquer idade, desenvolve-se geralmente entre os 15 e os 30 anos e, menos frequentemente, entre os 60 e os 80. A doença afeta igualmente os dois sexos. As pessoas com um membro da família ou parente de primeiro grau com uma Doença Inflamatória Intestinal têm um risco acrescido de desenvolver colite, o mesmo acontecendo com as pessoas de raça branca ou de ascendência judaica.
  • Como se diagnostica a Colite Ulcerosa?
    A colite ulcerosa pode ser difícil de diagnosticar, porque os sintomas são semelhantes aos de outros distúrbios intestinais e à doença de Crohn. Esta última difere da colite, porque provoca uma inflamação mais profunda na parede intestinal e pode ocorrer noutras zonas do aparelho digestivo, incluindo o intestino delgado, a boca, o esófago e o estômago.
    As pessoas com suspeita de colite devem ser encaminhadas para um gastroenterologista, um médico especializado em doenças do aparelho digestivo. O exame físico e a história médica são geralmente os primeiros passos no diagnóstico da doença, seguidos de um ou mais dos seguintes exames e procedimentos:
    • Análises ao sangue – Podem revelar uma contagem elevada de glóbulos brancos, o que é sinal de inflamação. Podem também detetar anemia, que pode ser provocada por hemorragia do cólon ou do reto.
    • Análise às fezes – Podem também revelar uma contagem elevada de glóbulos brancos, indicadora de colite ou outra Doença Inflamatória Intestinal. Permitem ainda detetar sangramento ou infeção no cólon ou reto provocados por bactérias, vírus ou parasitas.
    • Sigmoidoscopia flexível e colonoscopia – Estes exames constituem o método mais rigoroso para diagnosticar a colite e excluir outras possíveis doenças, como a doença de Crohn, a doença diverticular ou o cancro do cólon.
    • Tomografia Axial Computorizada (TAC) – Este exame não invasivo permite localizar com precisão as partes mais afetadas do intestino, definir zonas de aperto. Não permite no entanto a execução de biopsias.
    • Clister Opaco – É um exame não invasivo que permitem sobretudo definir com muita precisão as zonas de aperto.
  • Como se trata a Colite Ulcerosa?
    O tratamento da colite depende da gravidade da doença e respetivos sintomas. Estes variam de caso para caso, pelo que o tratamento tem de ser ajustado a cada indivíduo.

    Medicação
    Embora nenhuma medicação consiga curar a colite, diversos medicamentos permitem atenuar os sintomas. Os objetivos da terapia medicamentosa são a indução e a manutenção de períodos em que os sintomas desaparecem durante meses ou até mesmo anos, assim como a melhoria da qualidade de vida. Muitas pessoas com colite requerem terapia medicamentosa por tempo indefinido. O tipo de medicação depende da gravidade dos sintomas.
    Podem ainda ser receitados medicamentos para reduzir o stress emocional ou para aliviar a dor, reduzir a diarreia ou combater a infeção.

    Hospitalização
    Por vezes, os sintomas são suficientemente graves para justificar a hospitalização. Por exemplo, uma pessoa pode ter hemorragias graves ou diarreia que provoca desidratação. Nestes casos, deverão ser administrados fluidos por via intravenosa para tratar a diarreia e a perda de sangue, fluidos e sais minerais. As pessoas com sintomatologia mais grave podem necessitar de dieta especial, alimentação por sonda, medicação ou cirurgia.

    Cirurgia
    Cerca de 10 por cento das pessoas com colite acabam por precisar de uma uma cirurgia para remover o reto e parte ou a totalidade do cólon. Este procedimento é por vezes recomendado quando a terapêutica medicamentosa falha, ou se os efeitos colaterais desta puderem pôr em risco a saúde do doente. Outras vezes, recorre-se à cirurgia devido a um sangramento intenso, doença grave, rotura do cólon ou risco de carcinoma. A operação é realizada no hospital por um cirurgião, com recurso a anestesia.
    O tipo de cirurgia recomendado dependerá da gravidade da doença e das necessidades, expectativas e estilo de vida do doente. Este deve procurar obter todas as informações possíveis, conversando com o seu médico e outros profissionais de saúde, assim como com outras pessoas que tenham passado pela mesma experiência.
  • Alimentação, dieta e nutrição
    Alterações na dieta podem ajudar a reduzir os sintomas de colite. A dieta recomendada vai depender dos sintomas do doente, da medicação e das reações aos alimentos. Algumas sugestões de dieta alimentar que podem aliviar os sintomas incluem:
    • refeições menos abundantes
    • evitar refrigerantes
    • preferir alimentos leves
    • evitar alimentos muito ricos em fibras

    Poderão ser recomendadas vitaminas e suplementos nutricionais às pessoas que sofrem de colite e não absorvem uma quantidade suficiente de nutrientes.
  • A Colite Ulcerosa aumenta o risco de carcinoma do cólon?
    As pessoas que sofrem de colite têm um risco acrescido de desenvolverem carcinoma do cólon, quando todo o cólon é afetado durante um longo período de tempo. Por exemplo, se apenas o cólon e o reto inferior forem afetados, o risco não é maior do que o de uma pessoa sem colite. Porém, se todo o cólon é afetado, o risco é mais elevado do que o normal. O risco de cancro do cólon aumenta também quando se tem colite durante 8 a 10 anos e continua a aumentar com o tempo. A manutenção eficaz da remissão dos sintomas por tratamento da colite pode reduzir esse risco. A remoção cirúrgica do cólon elimina-o por completo.
    Com a colite, surgem por vezes alterações pré-cancerígenas – chamadas displasias – nas células que revestem o cólon. As pessoas com displasias têm um risco acrescido de carcinoma do cólon. Ao efetuar uma colonoscopia e ao analisar o tecido removido durante estes procedimentos, o médico procurará sinais de displasia. As pessoas que tiveram colite ulcerosa em todo o cólon durante pelo menos 8 anos e aquelas que tiveram colite ulcerosa apenas do lado esquerdo do cólon durante 12 a 15 anos têm indicação para fazer uma colonoscopia com biopsia todos os anos ou de 2 em 2 anos, para despistar eventuais displasias. Este procedimento, por si só, não reduz o risco de carcinoma do cólon, mas pode ajudar a identificá-lo precocemente e assim melhorar o prognóstico.

A reter:

  • A colite ulcerosa (colite) é uma doença crónica, ou seja, uma doença de longa duração que provoca inflamação e feridas, ou úlceras, no revestimento interior do cólon e do reto.
  • A colite é uma das duas principais formas da doença inflamatória crónica do trato gastrointestinal, designada por doença inflamatória do intestino (DII).
  • Os sintomas mais comuns de colite são desconforto abdominal e diarreia com sangue.
  • A sigmoidoscopia flexível e a colonoscopia constituem o método mais rigoroso para diagnosticar a colite e excluir outras possíveis doenças, tais como a doença de Crohn, a doença diverticular ou o carcinoma do cólon.
  • O tratamento da colite depende da gravidade da doença e respetivos sintomas. Estes variam de caso para caso, pelo que o tratamento tem de ser ajustado a cada indivíduo. O tratamento pode incluir medicação, hospitalização ou cirurgia para remover o reto e parte ou a totalidade do cólon.
  • A maior parte das pessoas com colite nunca chega a desenvolver cancro do cólon, mas há dois fatores que aumentam o risco: a duração da doença e a porção de cólon afetada.


manuel rosário - gastro